Voltamos a saga em torno do desaparecimento de Gary Hinge, um vlogger de trilhas que se perdeu nas regiões remotas de Nevada. O primeiro filme nos apresentou o caso, misturando elementos de documentário found footage com terror psicológico, enquanto o segundo expandiu a mitologia, explorando o mistério em torno de outras pessoas e mais materiais em vídeo que podem ter conexão com o caso de Gary. A idéia de que há a algo sombrio e inexplicável escondido no deserto, toma outra proporção.
Aqui em Horror in the High Desert 3: Firewatch (2024) a trama se desenrola após o desfecho sombrio do segundo filme, agora com foco na trajetória de Oscar Mendoza, que está disposto a descobrir o mistério sobre o desaparecimento de Gary. Sua investigação o leva a uma torre de observação contra incêndios (a firewatch tower) que havia sido abandonada há décadas, mas que agora parece abrigar uma presença inquietante.
A história pessoal de Oscar é a de um homem que passou por várias provações, parecendo não ter mais nada a perder e que busca se reconectar consigo mesmo. Isso tudo fomenta a sua determinação, levando-o a um inevitável destino obscuro. O filme continua com o formato mockumentary, reunindo entrevistas, filmagens encontradas e reportagens, mantendo a sensação de veracidade que tornou os anteriores tão envolventes.
O suspense é construído com habilidade, e o seu aspecto mais marcante é a abordagem sobre o medo do desconhecido. Sem respostas definitivas, o filme mergulha mais fundo no aspecto psicológico do horror, mostrando como o isolamento e a obsessão pela verdade corroem os personagens. A narrativa construída, com muitas imagens quase estáticas porém perturbadoras por vários momentos, sugere que algo antigo está presente na região, e os que se aproximam demais nunca voltam.
O espectador é confrontado com revelações que conectam todos os eventos desde o desaparecimento de Gary, inclusive a sugestão de que ele ainda pode estar vivo, ou ter se tornado algo diferente. Mais uma vez, não é um filme para o espectador afoito em busca de terror escancarado. O fato dos vídeos carregarem esse ar amador, é justamente o que aproxima o espectador da experiência. Quantos de nós já ficamos até tarde da noite assistindo no youtube aqueles vídeos documentários de testemunhos ou de investigação em lugares tidos como assombrados, ou onde crimes brutais sem aparente explicação foram cometidos. É sobre esse tipo de curiosidade e atmosfera onde somos fisgados que o filme desenvolve sua narrativa. Você fica incrédulo e nervoso, se perguntando o por que deste rapaz estar andando sozinho pela noite em um vasto e remoto deserto com cavernas e estações de mineração abandonadas, com ar fantasmagórico. Isso sem falar sobre os vários sons e ruídos, ao seu redor, como se estive sendo observado e seguido.
Horror in the High Desert 3: Firewatch segue com o trabalho do diretor Dutch Marich explorando o terror sugestivo, tecendo um mistério com um clima de paranoia crescente, onde a linha entre realidade e delírio desaparece, e ao que tudo indica teremos uma quarta parte. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
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