FILME - The Monster / Um Monstro no Caminho (2016)


 

A tensão no ar já é estabelecida desde o início dessa história, que mostra a complicada relação entre Lizzy e sua mãe Kathy. Já podemos dizer que um grande acerto de The Monster / Um Monstro no Caminho (2016), é a maneira como o diretor Bryan Bertino desenvolve e se aprofunda nessas personagens e seu conflito. Na primeira metade do filme é mostrado o caos instaurado entre mãe e filha. 




Está claro que Lizzy não pode viver por mais tempo com Kathy que já se perdeu para o vício que dita os rumos de sua vida. Kathy não tem responsabilidade nenhuma e namora um cara que também é viciado, além de violento. O relacionamento extremamente abusivo de Kathy com Lizzy é também de abandono. Tudo isso fica evidente em flashbacks mostrados durante a viagem de carro, onde Kathy está levando Lizzy para morar com seu pai. Apesar de toda a situação, a mãe com o que lhe resta de clareza e bom senso, sabe que essa é a melhor escolha.







O enredo começa a mudar de drama familiar para terror no momento em que atropelam um lobo na estrada. Com o carro danificado em uma noite chuvosa e em uma estrada sem movimento, suas solicitações de socorro sofrem a interferência de uma grande e feroz criatura abissal que se espreita pela densa floresta ao seu redor. Claramente o monstro é uma metáfora ao clima de terror vivido por Lizzy, a criança que virou adulta cedo. Ela não tem alternativa, tem que ser responsável pelas duas, além de ser quem faz as observações corretas da situação, que antecede o perigo, que cuida dos ferimentos de Kathy. Lizzy já vem fazendo isso no dia a dia, direcionando e supervisionando sua mãe para tentar manter a rotina de uma casa. Aqui nós temos pessoas reais com problemas mundanos, jogadas repentinamente em uma situação fantástica e desconhecida de completo horror. Apesar da metáfora entre a criatura e a relação das duas, é interessante perceber como o monstro é também o motivo que alinha uma com a outra. Agora temos uma mãe focada e disposta a fazer qualquer coisa para salvar sua filha. Outra grande qualidade do filme é o trabalho de camera, explorando bem o ambiente escuro e sem mostrar mais do que se deve da criatura. Isso é muito eficaz e necessário, pois estamos falando de efeitos práticos e que aqui funcionam muito bem, de modo que não caímos na banalização do medo. Esse filme poderia também ser um curta, mas Bryan Bertino conduz em bom ritmo essa história com praticamente duas pessoas, em um local contido. O diretor já tem esse hábito de trabalhar ambientes ameaçadores, como em The Strangers / Os Estranhos (2008) e The Dark and The Wicked / Demoníaca (2020). 

Um ótimo entretenimento para quem aprecia narrativas que usam o gênero como ferramenta de reflexão. Essa é uma produção intimista, dolorosa e poderosa, que mostra como o verdadeiro terror pode estar dentro de nós. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!





Rotten Tomatoes: 🍅81%  / 🍿40%
IMDb: 5,4

País: EUA, Canadá
Direção: Bryan Bertino
Roteiro: Bryan Bertino
Produção: Adrienne Biddle, Aaron L. Ginsberg
Elenco: Zoe Kazan, Ella Ballentine, Aaron Douglas, Scott Speedman
Distribuidora: A24



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