Lançado na época em que os estúdios tentavam diversificar o gênero, The Black Cat (1941) é um misto de mistério e comédia de terror, fugindo da atmosfera gótica que marcou a década anterior. O título baseia-se no conto homônimo de Edgar Allan Poe, mas tem pouca relação com a obra literária. Como curiosidade vale citar que era comum produções da Universal usarem nomes conhecidos para atrair o público mesmo com a narrativa não correspondendo ao original.
A trama se passa na mansão da excêntrica Sra. Henrietta Winslow, uma amante de gatos, que está rodeada de parentes gananciosos, aguardando sua morte para receber sua fortuna. A partir desse evento, o enredo se desenvolve no estilo "whodunit" (quem é o assassino?), com os personagens descobrindo passagens secretas, segredos sombrios e, claro, para justificar o título do filme, um gato preto que perambula pela casa e é tido como um mau presságio.
No elenco, meio que liderando o time, temos o elegante Basil Rathbone, famoso por interpretar Sherlock Holmes. Infelizmente, com uma participação quase simbólica, está Bela Lugosi, o eterno Drácula, mas apenas como chamariz do marketing. Em um papel secundário ele interpreta um zelador com poucas falas, sem força narrativa. Isso reflete a fase de declínio em sua carreira.
Apesar da trama dispersa e o uso superficial de grandes nomes, a atmosfera é bem interessante, com um clima de mistério que remete aos filmes de "old dark house". Há também uma pitada de humor negro, influenciando futuras produções de comédia e horror. Essa escolha narrativa parecia adequada para a época, distanciando propositalmente o espectador de uma experiência assustadora, já que o mundo sofria os efeitos da Segunda Guerra Mundial.
É um filme agradável de se assistir e isso se deve muito a dois pontos. Primeiro, a direção de arte na cenografia é bem eficiente em sua ambientação. Segundo, a fotografia em preto e branco contribui para manter o vínculo com o visual sombrio dos clássicos da década anterior, mesmo em um tom mais leve. Fica portanto evidente esse tipo de equilíbrio entre tradição e renovação, marcando esse momento de transição do gênero.
Em termos de impacto, The Black Cat não causou muito barulho, mas ajudou a consolidar a tendência de transformar o horror em algo mais acessível ao público.
Não causa arrepios, mas certamente é uma peça importante no desenvolvimento do cinema de terror. Para os fãs do gênero, é uma obra que vale pela curiosidade histórica e por registrar a mescla entre o medo e diversão. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅--% / 🍿35%
IMDb: 6,1
País: EUA
Direção: Albert S. Rogell
Roteiro: Eric Taylor, Robert Neville, Frederic I. Rinaldo, Robert Lees
Produção: Burt Kelly
Elenco: Basil Rathbone, Hugh Herbert, Broderick Crawford, Bela Lugosi, Anne Gwynne, Gladys Cooper, Gale Sondergaard, Cecilia Loftus, Claire Dodd, John Eldredge, Alan Ladd, Erville Alderson, Harry C. Bradley
Distribuidora: Universal Pictures
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