Um serial killer está na mira do FBI, e o que mais chama a atenção é o seu método completamente inusitado. O assassino misterioso é chamado de Longlegs e em toda cena de crime ele sempre deixa uma carta escrita em códigos, e que após decifrada deixa claro que os crimes irão continuar. O mais intrigante é que ele não encosta em suas vítimas, não deixando nenhum sinal pessoal no local, e os crimes são cometidos sempre da mesma maneira. Em todos os cenários, o chefe da familia assassina seus membros e depois tira a própria vida. O FBI monta uma força tarefa onde a agente novata Lee Harker é escalada, por possuir um atributo de destaque que é sua clarividência, característica que recentemente a levou a encontrar um criminoso.
A partir daí começa a investigação de Harker, correndo contra o tempo para impedir que outra família seja atingida. A trama se passa nos anos 90, em uma atmosfera maravilhosamente desconfortável, soturna e perturbadora. Essa ambientação aliás é um grande trunfo da produção, pois ela ajuda demais a sustentar o ar de suspense que envolve o espectador. Alguns outros elementos em cena também ajudam a evocar esse tipo de inquietação, como a presença de bonecas sinistras e sombras e vultos que aparecem esporadicamente de uma maneira muito sutil, quase que imperceptíveis, mas o suficiente para causar aquele arrepio. E claro a bizarra caracterização andrógena e a performance de Nicolas Cage como Longlegs. O exagero cai bem nesse personagem. A atriz Maika Monroe desenvolve bem a Lee Harker, que é uma personagem com característica muito peculiares de comportamento social, além do seu dom especial.
O filme está entre os nossos preferidos do ano até agora, mas claro também tem os seus pontos baixos. É um desperdício não aproveitar o enredo policial para de fato investir em um roteiro com um trama investigativa profunda e sólida. A agente Harker “investiga” superficialmente através de cenas olhando fotos e transcrevendo os códigos. Ela tem os poderes, ela sente e vê coisas, então as explicações dadas a seu chefe também são simples, e ele que se conforme que ela sabe que está acontecendo algo em determinado lugar. Em nenhum um momento o espectador é encorajado a participar dessa investigação, o ponto forte de filmes policiais. Mesmo que saibamos quem é o Longlegs, existem vários outros pontos que poderiam lançar nosso olhar mais atento atrás de algumas pistas. Mas o roteiro opta pelo caminho mais fácil e apesar de termos vários clichês propositais, o vínculo pessoal da agente com o caso, tirou um pouco o sabor da digestão da história. Não era necessário, sendo que já temos O Silêncio dos Inocentes (1991). Nada disso invalida a experiência de Longlegs (2024), que merece uma conferida no cinema. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Comentários
Postar um comentário