Já tínhamos gostado do trailer e Stopmotion (2023) acabou entregando o que prometeu. Essa história sombria gira em torno de Elle, uma hábil profissional que manipula bonecos em animação de stop motion, e que no momento está ajudando sua mãe Suzanne, uma lenda na área, mas que está incapaz de trabalhar com as mãos devido a artrite. Elas estão produzindo esse que é o último filme de Suzanne, e rapidamente fica claro que a relação entre mãe e filha não é das melhores.
Suzanne é controladora e parece direcionar Elle desde sempre, como se fosse uma das suas marionetes. Elle demonstra dificuldade até em se posicionar perante o processo de trabalho, não havendo comunicação entre as duas, a não ser o necessário. A dinâmica da trama vai tomar sua real forma a partir do momento em que Suzanne sofre um derrame e entra em coma. Desse ponto em diante todas as emoções reprimidas de Ella virão a tona, das mais variadas formas. O conflito de sentimentos que envolvem toda a raiva que ela sente pela mãe, ao mesmo tempo em que teme perde-la, se manifestam no seu comportamento, assim como imagens sugestivas que retratam seu inconsciente e a transposição de tudo isso para várias cenas de stop motion, mesclando a realidade dramática ao terror fantasioso.
Seu namorado Tom, apesar de compreensivo, não consegue ajudá-la, e os dois se afastam, ao mesmo tempo em que uma misteriosa menina surge e cria um intenso laço com Elle. Carregado de metalinguagem, o espectador é imerso na mente cada vez mais perturbada de Elle, que visa a qualquer custo terminar sua própria história, para assim se livrar das amarras opressoras de sua mãe. Apesar de ser o primeiro longa do diretor Robert Morgan, ele já tem uma reconhecida e premiada carreira em curtas de stop motion, e merece uma atenção maior. O roteiro não é perfeito, mas ele consegue através da mescla de realidade e animação, entregar uma experiência visual muito bem definida ao que se propõe. Os bonecos que parecem inocentes, são também muito aterrorizantes, cada vez mais, a medida em que vão sendo desenvolvidos por Elle. A história que tem uma atmosfera densa, lida com questões como relacionamento abusivo, luto, saúde mental e o dilema da morte. Talvez não seja um filme para qualquer espectador, mas ele traz um olhar diferente e original como proposta a desenvolver uma história que parece não iniciar como terror, mas definitivamente é como se encerra. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
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