Grande parte do trabalho da diretora Jacqueline Castel é voltado para videoclipes, e essa experiência já fica evidente na bela e instigante cena de abertura de My Animal (2023), sua estréia em longa metragens. A história de passa em uma pequena, fria e isolada cidade ao norte do Canadá, onde a garota Heather vive com seus pais e irmãos. Heather tenta levar da melhor maneira possível a vida monótona no qual ela parece presa. Muito mais frio do que a neve que toma a cidade, são os seus habitantes, e na maioria das cenas os lugares são vazios. Isso tudo demonstra como a cidade parece ter parado no tempo, somando-se ao fato do filme ser lento, talvez seja um recurso adotado pela diretora para vias de imersão do espectador. Heather trabalha no ginásio da pista de gelo, e nadando contra a maré, sonha em ganhar uma vaga no time de hóquei masculino.
Ela não parece ser muito popular, não tendo amigos, mantém uma boa proximidade com o pai, o seu confidente, e de quem herdou a habilidade genética de se transformar em lobisomem, algo que já fica claro no início do filme. Essa condição torna a relação com sua mãe alcoólatra mais complicada ainda. Heather vive completamente contida, tendo que ficar reclusa nos dias de lua cheia, além do fato de esconder que gosta de mulheres, o ambiente não poderia ser mais opressivo, até que uma patinadora artística aparece na cidade. Jonny desperta novos sentimentos em Heather, trazendo-lhe um pouco de leveza, as duas ficam próximas de imediato, mas um acontecimento mudará tudo. Pouco tempo atrás falamos de outros filmes de garotas lobisomens, como When Animals Dream (2014) e Bloodthirsty (2020), mas diferente deles, My Animal (2023) trás muito mais profundidade a sua protagonista. Por outro lado, é bom falarmos, e isso já elimina vários espectadores, o terror fica lá em segundo plano. Não espere sangue e nem cenas de ação. Quando ela deveria acontecer de fato, tudo é de maneira muito subjetiva, aliás para quase tudo no filme que é carregado de muitas metáforas. É uma produção de olhar muito sensível, que levanta temas relevantes tipo isolamento, homofobia, opressão e libertação.
Apresenta um belo visual, e como algumas críticas já tem dito, é um filme que presa mais pelo estilo do que pelo enredo. Não é um filme para todo mundo, vai decepcionar os fãs de violência que esperavam ver lobisomens em ação assim como os que procuram se assustar. Não é o que esperávamos, mas não é um filme ruim, a protagonista é bem interessante, só que não chega a ser um filme de terror. O drama pesa mais em como Heather lida com seus sentimentos e provações da adolescência, e sua condição licantropa acaba ficando em segundo plano, até o ato final, onde torna-se determinante para a história. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO DEIXA POR SUA CONTA E RISCO!
Rotten Tomatoes: 🍅74% Tomatometer / 🍿60%
Audience Score IMDb: 4,9
País: Canadá
Direção: Jacqueline Castel
Roteiro: Jae Matthews
Produção: Andrew Bronfman, Michael Solomon
Elenco: Bobbi Salvör Menuez, Amandla Stenberg, Stephen McHattie, Heidi von Palleske, Cory Lipman, Joe Apollonio, Charles Halpenny, Harrison Halpenny, Dean McDermott, Scott Thompson
Distribuidora: Paramount Global Content Distribution
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