Depois de uma breve e sinistra introdução, somos apresentados a família Harper que acaba de passar por uma perda. O recém viúvo Will Harper procura seguir a rotina do dia-a-dia com seu trabalho como terapeuta, ao mesmo tempo em que segue com suas funções como pai da adolescente Sadie e da pequena Sawyer. Claramente o luto tem sido difícil para todos, mas Sadie tenta sem sucesso em dividir e externalizar seus sentimentos com o pai que escolhe por se manter distante. Ele se mantém em negação, o que vai atenuar o perigo que se aproxima de sua casa.
Will será surpreendido por um repentino paciente de última hora, Lester, também um pai de família, referente ao arco introdutório da história. A partir desse momento, as ações de Lester trarão consequências inimagináveis para dentro da casa da família Harper, traçando uma ligação fortemente enraizada com um mal, de outros tempos, fomentado pela vulnerabilidade de seus ocupantes. A criatura que simboliza essa força no caso é popularmente chamada de Bicho-Papão. Justamente pela sua popularidade e pelo o que esse mito representa a maioria de todos nós, é que acreditamos que seja mais um caso onde o fator medo se perde quando há uma exposição equivocada. É natural e de conhecimento geral que o Bicho-Papão é algo que nos assombra desde crianças, embrenhado no escuro, à noite, como um vulto, sem forma definida. O filme se promoveu através de diferentes cartazes, mas nós colocamos o que ao nosso ver, melhor o representa. Só um vislumbre do que parecem ser seu olhos, nas sombras. A partir do momento em que a criatura toma forma, com braços e pernas e aparece na luz, realmente exposta, foi um ponto onde o filme nos perdeu.
Porém, sejamos honestos, o filme ainda vale a pena de ser assistido. Os personagens são bons e cativantes. A pequena Sawyer é interpretada pela atriz mirim Vivien Lyra Blair, enquanto Sadie que é na verdade a protagonista, é interpretada por Sophie Thatcher, atriz que tem chamado a atenção. A premissa da história é interessante, expondo a família a um mal que se alimenta de seus medos e fraquezas, ao mesmo tempo em que uma fé inabalada, e que ganhou forças em meio ao luto, seja capaz de repeli-la. Temos momentos de sustos e até angustiantes. Algumas coisas práticas referentes a iluminação, seja de lanterna, celular, luminárias, que o monstro odeia e poderiam ser usadas como armas, são ignoradas sem nenhum motivo e de modo até irritante. Detalhes esses que não passam despercebidos. Essa insistência nos filmes do gênero, em expor claramente o vilão da história, tem sido um fator negativo sempre presente em críticas de um modo geral. Nos incomoda bastante, pois o maior medo está naquilo que não conseguimos identificar. Mas sabemos também que um público grande de espectadores não liga para isso e até gosta que as criaturas sejam reveladas, um pessoal mais ligado no visual e na ação. E tá tudo bem né, isso aqui é entretenimento, diferentes percepções assim como as opiniões. Resumindo, nós gostamos, muito devido ao núcleo de atores e a dinâmica da história e seu ritmo, se mantendo em um bom suspense com ação, mesmo que depois de um tempo se perca no terror. O diretor Rob Savage também foi um atrativo, valendo uma busca por outros de seus trabalhos se você não o conhece. The Boogeyman (2023) é uma adaptação com várias mudanças do conto The Boogeyman (1973) de Stephen King. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅61% Tomatometer / 🍿66% Audience Score
IMDb: 6,0
País: EUA, Canadá
Direção: Rob Savage
Roteiro: Scott Beck, Bryan Woods, Mark Heyman
Produção: Shawn Levy, Dan Levine, Dan Cohen
Elenco: Sophie Thatcher, Chris Messina, Vivien Lyra Blair, David Dastmalchian, Marin Ireland, Madison Hu, Maddie Nichols, LisaGay Hamilton
Distribuidora: 20th Century Studios
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