A melhor definição para A Girl Walks Home Alone at Night (2014), veio da própria diretora do filme, Ana Lily Amirpour, de quem já escrevemos a respeito. É um “faroeste espaguete iraniano de vampiros”. Primeiro conhecemos Arash, um jovem que praticamente trabalha para cuidar de seu pai viciado em heroína. O traficante da região, chamado Saeed, aparece para cobrar uma dívida, mas na falta do pagamento ele acaba levando o carro de Arash. Ao que tudo indica, Saeed também é cafetão, um típico babaca valentão que apronta pela noite, mas que está sendo observado.
Nossa estranha protagonista sem nome, conhecida apenas como “a garota”, é uma vampira, e ela tem como alvo, justamente, os homens que maltratam mulheres. Uma coisa leva a outra e no final das contas, em meio a suas atividades noturnas,“a garota” vai cruzar com Arash em uma situação muito inusitada e se surpreender com o fato de que nem todos os homens são iguais. Diferente de suas vítimas, Arash demonstra gentileza e empatia, e a vampira claramente parece confusa quanto a atração que surge entre os dois. A partir desse momento ela segue com esse conflito de sentimentos internos, ao mesmo tempo em que se mantém na função de justiceira urbana noturna. Em nossa visão, ao que o filme se propõe, ele é praticamente impecável. É uma história agradável de se acompanhar, muito bem produzida. A diretora apresenta muita sensibilidade e cuidado desde a escolha da locação, de seus enquadramentos com muita influência do expressionismo alemão, figurinos até a trilha sonora. Ela também é muito assertiva na maneira como mescla culturas diferentes. A história se passa na fictícia cidade iraniana de Bad City, que é retratada como um lugar fantasma, onde os maiores sinais de algum tipo de atividade parecem vir das refinarias e bombas de petróleo que a cercam.
Além de homenagear o clássico Nosferatu (1922), o fato do filme ser em preto e branco, ressalta essa atmosfera fria e vazia de uma sociedade definitivamente opressora. Percebe-se em alguns dos moradores tidos como párias no Irã, uma força que persiste em seguir adiante, como é o caso da prostituta de rua e o artista transgênero. Podemos dizer com certeza que “a garota” é uma de nossas personagens preferidas dos últimos 20 anos. Vestindo seu belo xador preto à noite, ela fica de fato assustadora. O roteiro possui uma característica muito forte de história em quadrinhos e isso é assumido pela diretora que inclusive junto do ilustrador Michael DeWeese, o adaptou para uma graphic novel em duas edições intitulada Death is the Answer and Who Am I (2014). O filme é repleto de referências e pode render muito assunto. O entretenimento aqui é garantido, e sugerimos uma conferida na trilha sonora. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅96% Tomatometer / 🍿75% Audience Score
IMDb: 6,9
País: EUA
Direção: Ana Lily Amirpour
Roteiro: Ana Lily Amirpour
Produção: Ana Lily Amirpour, Justin Begnaud, Sheri Davani, Sina Sayyah
Elenco: Sheila Vand, Arash Marandi, Marshall Manesh, Mozhan Marnò, Dominic Rains, Rome Shadanloo, Reza Sixo Safai, Milad Eghbali,
Distribuidora: Kino Lorber, Vice Films
Comentários
Postar um comentário