Filme interessante, bem diferente e já vamos dizer que não é para todo mundo. O diretor opta por um tempo e uma narrativa não muito clara e que ao mesmo tempo incomoda o espectador, e isso é proposital. A história é sobre um homem chamado Philip, um marionetista que acaba voltando para sua cidade natal logo após sua vida profissional ser interrompida devido a um incidente em uma de suas apresentações. Logo no início do filme, Philip desembarca na estação de trem carregando uma bolsa, e já percebemos como esse personagem tem problemas sociais, devido a um rápido estranhamento com um jovem junto a um grupo de estudantes.
Em seguida, Philip chega a casa onde passou sua infância e que se encontra em um estado decrépito. Tanto seu exterior quanto o interior, apresentam uma atmosfera de total abandono, e isso se aplica também a toda região à sua volta. Nosso protagonista vai passar a maior parte do filme transitando sozinho por esse cenário que varia entre ruínas industriais, pântanos, pontes e casas abandonadas, sempre carregando sua estranha bolsa. Nela está guardado uma bizarra marionete que tem corpo de aranha e uma cabeça humana. Diga-se de passagem que o design dessa “criatura” é perturbador. Tudo que a princípio parece ser um incômodo no filme vai se justificar até o final. Por exemplo, não fica claro qual foi o escândalo que arruinou a carreira de Philip, assim como não fica claro o que é real e o que se passa só em seu subconsciente, mas à medida que o filme avança tudo começa a fazer sentido.
A história é recheada de metáforas, e situações oníricas exaltando todo o tormento do personagem. Na casa ainda, temos outro personagem, Maurice, o bizarro tio de Philip, que em alguns momentos parece atormentá-lo ainda mais, e por outros momentos parece mostrar preocupação. O fato é que Philip tenta durante todo o filme, se livrar da marionete, sem sucesso. Ele joga a mala num rio, joga num fosso industrial, tenta queimar, mas toda noite o boneco volta a aparecer intacto no seu quarto. Em paralelo a isso, a notícia do desaparecimento de um jovem é destaque na tv. Esse jovem por acaso é o mesmo com o qual Philip se estranhou no início da história. Demora um pouco, mas uma hora percebemos que toda a provocação e desconforto que o diretor nos causa, serve para potencializar nossa imersão na vivência do próprio Philip. Todo o ambiente em torno dele diz respeito ao estado de sua mente.
A casa velha e mofada no meio de uma região onde tudo parece estar em ruínas. Philip está enfrentando um grande trauma que começou na sua infância, tentando bloquear a escuridão que se apossou de sua essência. Resta saber se até o final da história ele terá êxito. Philip é interpretado brilhantemente por Sean Harris assim como Maurice é pelo ator Alun Armstrong. A atuação desses dois com essa história caberia muito bem em uma peça de teatro, ou em um formato de curta-metragem. A fotografia dessaturada também é destaque nesse filme de terror psicológico que nos surpreendeu, como um soco no estômago, pois a história realmente é forte. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅90% Tomatometer / 🍿52% Audience Score
IMDb: 5,8
País: Reino Unido
Direção: Matthew Holness
Roteiro: Matthew Holness
Produção: Wayne Marc Godfrey, James Harris, Robert Jones, Mark Lane
Elenco: Sean Harris, Alun Armstrong, Simon Bubb, Charlie Eales, Raphel Famotibe, Joe Gallucci
Distribuidora: Dark Sky Films
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