FILME - London After Midnight / Vampiros Da Meia-Noite (1927)


Este será um post diferente, pois não falaremos apenas do filme em si, mas sim da história em torno dele. Aliás, nós não assistimos o filme, assim como ninguém mais poderá assistí-lo, e é isso que deixa tudo mais curioso a respeito daquele que é tido como o Santo Graal perdido do cinema mudo. Mas calma, é possível apreciar a história e ao longo do post isso ficará mais claro.


Para começar, o filme foi dirigido, produzido e escrito por um injustiçado peso-pesado da história de Hollywood, Tod Browning. Esse grande profissional que apesar de fazer um bom dinheiro devido a sua visão comercial, não teve na época o reconhecimento proporcional a sua grande colaboração para a história cinematográfica. Dono de uma vasta filmografia, era um homem com um grande apreço pelo desconhecido, pelo perverso, e pelo proibido. Foi ele que iniciou o gênero de terror moderno em 1931, com o filme Drácula, interpretado por Bela Lugosi. Também é dele o clássico e hoje cultuadíssimo Freaks, mas que na época causou grande estranheza, além de não ter sido rentável como seus outros trabalhos. Na década de 30 a Metro-Goldwyn-Mayer estava mais interessada em filmes de glamour, e as bizarrices abordadas por Tod Browning já não agradavam, então logo depois disso ele realizou só mais quatro filmes, e encerrou a carreira. Outro fator importante que compõem Vampiros Da Meia-Noite é o brilhante ator Lon Chaney, que foi parceiro de outro trabalhos com Tod Browning, e conhecido por ter sido um dos atores mais versáteis do cinema, com um enorme poder em torno da caracterização de seus personagens que em sua maioria eram aflitos e atormentados. Se tornou também um mestre da maquiagem, com técnicas criadas por ele mesmo, e acabou recebendo o apelido de “O Homem Das Mil Faces”. Essas façanhas foram determinantes na criação do personagem O Homem de Chapéu, que acabou se tornando o rosto à frente de Vampiros Da Meia-Noite. O filme gira ao redor da morte do Sir Roger Balfour, cujo corpo foi encontrado por seu mordomo com um tiro na cabeça na propriedade de seu vizinho Sir James Hamlin. Nenhum indício de crime é encontrado, então o inspetor da Scotland Yard, Edward Burke, considera o caso encerrado, alegando suicídio como causa da morte, até porque junto a ele tinha uma carta de despedida pedindo desculpas a sua filha Lucille. 




Cinco anos depois, duas estranhas criaturas são vistas se movimentando na casa do falecido Balfour, e isso vai instigar Hamlin e aqueles que vivem com ele, no caso, seu sobrinho Arthur, e a jovem Lucille, de quem ele tem agora a guarda legal. Os moradores da redondeza acreditam que “vampiros” estão rondando a casa do velho Balfour. Mais uma vez o inspetor Burke é chamado, e o caso é reaberto ao descobrirem que o corpo de Balfour sumiu de seu mausoléu. A trama está montada e em breve descobrimos que tudo é um plano meticulosamente criado por Burke para provocar e pegar o assassino de Balfour, e que tais criaturas não existem. Junto de uma atriz que se veste de Mulher Morta , Burke na verdade se disfarça de uma delas, O Homem do Chapéu, e somando isso a técnicas de hipnose, ele vai reconstituir a noite do crime e encerrar o mistério.



Infelizmente em 10 de agosto de 1965 as únicas cópias existentes do filme foram perdidas devido a um incêndio no armazenamento do Vault 7 na área externa da MGM em Culver City, Califórnia. Originalmente o filme tinha 69 minutos, mas o que nós assistimos e está disponível no youtube, é uma reconstituição de 45 minutos de 2002 feita através de fotografias, montadas pelo produtor de restauração Rick Schmidlin, a serviço da Turner Classic Movies. Vale dizer que em 1935, Tod Browning revisitou a trama com algumas adaptações no filme A Marca Do Vampiro, um remake, mas que agora tinha som. O personagem O Homem do Chapéu está imortalizado e referenciado na cultura pop, e foi uma influência direta ao visual da máscara usada por Ethan Hawke no filme O Telefone Preto. Não cabem aqui todas as curiosidades a respeito do filme, mas é interessante perceber o fascínio do homem com algo dado como perdido e o valor criado em cima disso. É um dos filmes mais procurados até hoje, e ainda prevalece a esperança de que alguma cópia perdida apareça de alguma maneira. As críticas da época foram mornas, mas o filme teve um ótimo rendimento de bilheteria, e há quem diga que o mesmo é superestimado e que se fosse visto hoje não causaria boas reações. O único pôster contemporâneo conhecido do filme foi vendido em 2014 num leilão por 478.000 dólares, e o seu comprador foi o guitarrista Kirk Hammett da banda Metallica. Mesmo sem filme, temos o prazer de apreciar mais uma história desse universo que tanto amamos. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!

Rotten Tomatoes: 🍅 76% Tomatometer / 🍿43% Audience Score 
IMDb: 6,7

País: EUA
Direção: Tod Browning
Roteiro:  Tod Browning, Waldemar Young
Produção: Tod Browning
Elenco: Lon Chaney, Dia de Marceline, Henry B. Walthall, Percy Williams, Conrad Nagel, Polly Moran, Edna Tichenor, Claude King, Jules Cowles, Andy McLennan
Distribuidora: Metro-Goldwyn-Mayer

Comentários