Prequel do slasher X, Pearl conta a história de uma mulher homônima que vive com seus pais na fazenda deles, em 1918, e espera seu marido voltar da Grande Guerra. Pearl realiza as atividades cotidianas de uma fazenda: cuida dos animais, colhe alimentos, cozinha. Além disso, ajuda sua mãe a cuidar de seu pai que ficou em estado vegetativo após contrair a peste que existia na época. Sem seu pai, sua mãe, uma mulher extremamente conservadora e religiosa, virou a provedora da casa e isso a tornou amarga e ressentida. A relação entre as duas não é boa, pois a mãe a humilha e a maltrata constantemente.
Pearl é uma jovem sonhadora e seu maior desejo é se tornar uma grande dançarina, estrela de filmes da época. Seu cotidiano é tedioso e bem distante do glamour que gostaria. Em uma das idas à cidade para buscar medicamentos para seu pai, ela conhece o projecionista do cinema que ela frequenta, quando pode, e ele a estimula a seguir seu sonho. Acreditando que é possível mudar sua realidade, Pearl participa de uma audição para integrar um espetáculo itinerante da igreja local juntamente com sua cunhada, mas tudo desmorona quando ela recebe um não e vê que não poderá conquistar o que tanto almeja.
O roteiro aborda de maneira extraordinária a construção do enlouquecimento. Vemos uma jovem cheia de sonhos que impossibilitada de realizá-los, tem um surto psicótico. O verdadeiro horror está na mente humana e na capacidade das pessoas de cometerem atrocidades quando estimuladas a isso. Pearl é uma vítima do ambiente, da criação, da ausência e da falta de apoio emocional. O filme pode ser considerado um melodrama com violência. Há claras referências a filmes como “O Mágico de Oz”, “Carrie”, “Psicose”. A ambientação em uma remota e bucólica fazenda é similar à solidão da protagonista e de sua clausura.
A estética e a fotografia do filme remete às obras dos anos 50 e 60, com um padrão technicolor de excessos de cores e referências à Era de Ouro de Hollywood. A trilha é alinhada com toda a proposta do filme, mas o destaque principal é Mia Goth, intérprete de Pearl. Ela interpreta com maestria alguém que transita por emoções opostas, de culpa a raiva, de arrependimento a perversidade. Mia entrega essa personagem densa e cheia de camadas, totalmente impulsiva e emocional. Pearl é um filme que nos leva a confusões afetivas: ora temos empatia, ora temos repulsa. Nos prende do início ao fim e é uma ótima experiência cinematográfica. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅90% Tomatometer /82% Audience Score
IMDb: 7,0
País: EUA, Canadá
Direção: Ti West
Roteiro: Ti West, Mia Goth
Produção: Jacob Jaffke, Harrison Kreiss, Kevin Turen, Ti West
Elenco: Mia Goth, David Corenswet, Tandi Wright, Matthew Sunderland, Emma Jenkins-Purro
Distribuidora: A24
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