Conhecido como “Homem-Guelra” ou “Homem-Peixe”, esse personagem de O Monstro Da Lagoa Negra tornou-se uma das criaturas mais icônicas e inspiradoras da história do cinema. Os motivos disso são a soma de diversos fatores que acabaram conjurando no resultado final de um trabalho muito bem elaborado. A ideia para esse filme partiu do produtor William Alland, que uma década antes já estava anotando e reunindo conceitos para roteiros futuros. Certa vez numa festa, ele escutou um diretor de fotografia mexicano contar uma história sobre a lenda em torno de uma criatura meio homem meio peixe que habitava os rios da região amazônica, e isso não saiu de sua cabeça até que finalmente realizasse o filme.
Depois de anos fomentando essa ideia, ele chama Jack Arnold, com quem já havia trabalhado, para a direção. Alland pede aos roteiristas um desenvolvimento partindo basicamente do que seria um King Kong na região amazônica. Aquele enredo onde o monstro se apaixona pela mocinha e a sequestra. Mas Alland não segue a trama de Kong à risca, pois aqui o monstro não vai para a civilização e nem enlouquece. A trama se mantém em seu próprio habitat, pelo menos ainda, já que as futuras sequências se passam na cidade. A história tem uma introdução narrativa a respeito da criação do mundo e seus ciclos, passando pela criação dos oceanos e o desenvolvimento de seres marinhos, até que esses evoluíssem, migrando da água para a terra. Em seguida saltamos no tempo, para o que seriam os dias atuais, aqui no Brasil, em algum lugar do Amazonas e vemos o Dr. Carl Maia encontrando a mão fossilizada de uma criatura pré-histórica não conhecida. O Dr. Maia reúne uma expedição com a finalidade de encontrar o restante do esqueleto da criatura.
Nesse grupo temos o casal David e Kay, além do financiador sem escrúpulos Mark. Um descendente da criatura fossilizada começa a dar as caras à medida em que se sente ameaçada. Logicamente, assim que eles invadem a área da criatura, ela reage deixando uma trilha de vítimas. Enquanto David se foca na pesquisa e em manter a criatura viva, Mark só pensa em matá-la e nos louros da fama. A tensão entre esses dois também é alimentada pelo claro interesse do invejoso Mark em Kay, que além desses dois acaba sendo foco do monstro. A qualidade da fotografia é muito boa ficando claro uma produção bem elaborada na iluminação, nas locações e na cenografia. É interessante como tiveram o cuidado de colocar a bandeira do Brasil e as placas de identificação escrito “Instituto de Biologia Marítima”, para situar o local, mas toda a filmagem aconteceu nos EUA entre Flórida e Califórnia. Apesar da trilha sonora ser um compilado de outros filmes da Universal, ela é muito bem conduzida nas sequências de cenas. Os atores entregam uma boa atuação, onde destacamos a atriz Julie Adams interpretando Kay, que aparece como uma mulher moderna e independente, bem diferente do comportamento de época. As cenas onde a criatura nada ao redor de Kay, chegando bem perto ao ponto de encostá-la são bem tensas.
O design e visual do monstro foi um sucesso, já que apresentava um conceito bem revolucionário e detalhado, destacando-se de todo o resto apresentado nos filmes até então. Mérito da talentosa designer Milicent Patrick, da qual falamos aqui recentemente. A imagem da criatura virou um marco da cultura pop, resultando em uma infinidade de produtos vendidos até hoje. O Monstro da Lagoa Negra inspirou muitos outros filmes, mas o que mais se destacou foi com certeza A Forma Da Água de Guillermo Del Toro. Os fãs dos clássicos monstros da Universal ainda aguardam o merecido retorno desse personagem tão querido às telas. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅 79% Tomatometer / 🍿74% Audience Score
IMDb: 6,9
País: EUA
Direção: Jack Arnold
Roteiro: Maurice Zimm , Harry Essex , Arthur A. Ross
Produção: William Alland
Elenco: Richard Carlson David, Julie Adams, Richard Denning Mark, Antonio Moreno, Nestor Paiva, Whit Bissell, Henry A. Escalante, Ben Chapman, Rodd Redwing
Distribuidora: Universal-International
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