Mais uma obra de arte dos filmes preto e branco, hoje falaremos um pouco sobre A Noite Do Demônio, baseado no conto Casting the Runes do escritor M. R. James, popular na Inglaterra por seus livros com histórias de fantasmas lançados no início do século passado. Histórias essas que sempre tiveram adaptações para a tv desde a década de 50 até os dias de hoje. Sua narrativa é muito boa, mas infelizmente aqui no Brasil ele foi muito pouco traduzido. O filme começa com um motorista aflito, o professor Harrington chegando abruptamente na mansão do Dr. Karswell.
Poster promocional da época
Depois de uma rápida conversa e no decorrer do filme percebemos que os dois fazem parte de um grupo envolvido com ocultismo, mas o professor arrependido e temendo as consequências de manipular forças antigas, implora para que ele pare com essas ações, mas parece ser tarde demais. Uma criatura aparece pela noite ceifando a vida de Harrington. Ao mesmo tempo, um cético e renomado doutor em psicologia, Dr. Holden, famoso por desmascarar pessoas envolvidas com o sobrenatural, chega a Londres para uma convenção onde encontraria o professor Harrington e ajudaria nas investigações a respeito do Dr. Karswell, que garante ter poderes especiais.
Juntando-se a Holden para ajudá-lo temos Joanna, a sobrinha de Harrington que está determinada a descobrir o que matou o seu tio. Ao contrário de Holden, depois de examinar os manuscritos do tio, ela acredita que de fato uma força maligna os espreita. Apesar de realmente termos as forças demoníacas em ação, o filme explora muito o terror psicológico. Karswell fora exposto e estava nas manchetes de jornais e toda essa história de seita do oculto mexeu com o imaginário da comunidade. Será que Holden se manterá tão cético até o final da trama?
É curioso que tanto o escritor do conto, quanto o diretor do filme apresentavam a mesma característica narrativa, que era explorar o medo através da subjetividade, e o ponto fraco do filme é justamente mostrar muito da criatura nos poucos momentos que ela aparece. Não que isso destrua o filme, mas não havia necessidade. Talvez manter só os takes de longe, na fumaça, ou os quadros onde só vemos os pés fosse uma escolha melhor, mas depois de uma pesquisa descobrimos que essa foi uma decisão dos produtores e não do diretor.
Sinceramente, nós adoramos monstros, mas achamos que um pequeno conflito visual ocorre devido a ser uma trama investigativa, com ares ‘’noir’’ e uma bela entrega na interpretação dos atores que trás essa seriedade que acaba destoando ao vermos a monstruosa face de borracha quase sem expressão em foco. Somos suspeitos de falar da fotografia, mas esses clássicos em preto e branco são sensacionais. Os contrastes, principalmente a noite e destacando cenas de bosque ajudam na imersão do espectador.
Para uma época onde se optava por fazer muitas tomadas com automóveis em estúdio, temos bastantes cenas externas. A trilha sonora segue muito bem em toda a sequência, enriquecendo o resultado final desse filme que seguirá como referência para os filmes do gênero terror. Vale destacar o excelente diretor Jacques Tourneur , que já tinha feito os cultuados Cat People e I Walked With A Zombie. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅 100% Tomatometer / 🍿85% Audience Score
IMDb: 7,4
País: Reino Unido
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Charles Bennett, Hal E. Chester
Produção: Frank Bevis
Elenco: Dana Andrews, Peggy Cummins, Niall MacGinnis, Maurice Denham, Athene Seyler, Liam Redmond, Reginal Beckwith, Ewan Roberts, Peter Elliott, Rosamund Greenwood, Richard Leech, Lloyd Lamble, Peter Hobbs, Charles Lloyd Pack
Distribuidora: Columbia Pictures
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