O terror espanhol é um ótimo exemplo de como o gênero do horror europeu é bem explorado. Assim, só por isso o filme já nos chamou a atenção. Salvador e Lucía, junto com o filho deles, Diego, vivem em uma área rural afastada da Espanha no século XIX, sem contato com o mundo externo, devido à uma guerra que assola o país. Salvador é um pai distante do filho, frio emocionalmente, que quer que Diego aprenda a atirar, matar animais, utilizar armas, se tornar um homem. Lucia é uma mãe protetora que prega que o filho seja criança e viva a sua infância. Ambos tem seus motivos para isso, mas mostram-se opostos em como o filho deve ser criado e notamos esse embate na dinâmica familiar.
Diego é um garotinho frágil, medroso, gosta dos animais, de brincar. Dois espantalhos marcam o fim da propriedade da família e para Diego, além deles, há a guerra, mortes, pessoas más. Uma certa noite, Salvador conta a Diego sobre a lenda de “La Bestia”, uma figura que se alimenta do medo e que ele tem certeza que foi a responsável pela morte de sua irmã quando criança. Em determinado momento do filme, um homem chega ferido à propriedade e Salvador decide levá-lo de encontro com sua família, partindo para uma viagem. Dessa forma, Diego e a mãe passam a ficar sozinhos, com a mãe assumindo todas as funções da casa: cozinhar, colher, defender a propriedade se necessário, etc. Mãe e filho passam meses vivendo dessa maneira à espera de Salvador, que nunca chega. Nesse ambiente isolado e inóspito, Lucía começa a acreditar que há uma ameaça que ronda a casa e que está cada vez mais perto deles.
Uma clara referência a “La Bestia”. Resta, então, mãe e filho enfrentarem o que está os rondando. O filme flerta com o horror sobrenatural e o horror psicológico. Pensamos: Há realmente um ser demoníaco lá fora? Ou “Claramente a mãe está enlouquecendo”. E você pode ver o filme das duas maneiras. Essa dúvida é um ponto positivo, pois prende a atenção durante todo filme. Os diálogos, por vezes repetitivos, são carregados de profundidade.
É um drama dentro do horror e as atuações são ótimas. Os três atores desenvolvem muito bem seus personagens e conseguem transmitir a mudança emocional deles ao longo da trama. A fotografia é muito bonita e, junto com a trilha, ajuda a criar tensão. É um filme lento no início, mas depois torna-se mais ágil. A fantasia e a realidade presentes no roteiro são bem construídas. Notamos similaridades com “O Babadook”, “A Bruxa” e “O Labirinto do Fauno”, embora não chegue a ter o mesmo impacto desses filmes. Mesmo assim, vale dar uma conferida. Por esses motivos, SUSPIRO E ARREPIO RECOMENDA!
Rotten Tomatoes: 🍅 58% Tomatometer / 🍿32% Audience Score
IMDb: 4,6
País: Espanha
Direção: David Casademunt
Roteiro: David Casademunt, Martí Lucas, Fran Menchón
Produção: Marina Padró Targarona, Joaquín Padro
Elenco: Inma Cuesta, Roberto Álamo, Asier Flores, Alejandra Howard
Distribuidora: Netflix
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